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Tecnologia

A história da Tekpix, que já foi conhecida como a filmadora mais vendida do Brasil

Com um marketing agressivo, promessas exageradas e críticas pesadas, marca virou febre nos anos 2000

Foto: Reprodução

Você provavelmente se lembra da frase: “Vamos falar de coisa boa? Vamos falar de Tekpix!”. Com anúncios repetidos em quase todos os canais abertos, a filmadora Tekpix se tornou uma das marcas mais reconhecidas (e questionadas) do Brasil.

Mas o que era, afinal, essa câmera que prometia ser tudo ao mesmo tempo — e acabou virando alvo de críticas e piadas?

A propaganda era melhor que o produto

Lançada pela empresa Tecnomania, a Tekpix ficou famosa por se vender como um aparelho “9 em 1”: filmadora digital, câmera fotográfica, MP3 e MP4 player, pen drive, gravador de voz, webcam, câmera de segurança e até com conexão VGA para TV. Parecia mágica em forma de tecnologia portátil.

No entanto, na prática, a qualidade deixava a desejar. A resolução era interpolada (ou seja, simulada), as filmagens em “HD” eram de baixo desempenho e os recursos pareciam mais uma colagem de funções do que uma solução prática.

Ainda assim, o modelo I-HD18 chegou a ser vendido por mais de R$ 3.500 em 2012, valor superior ao de muitas câmeras profissionais da época.

Juarez e o marketing massivo

O grande rosto da Tekpix foi Juarez Aparecido Pontes Fernandes, o famoso “Juarez da Tekpix”, que começou como operador de telemarketing da empresa e se tornou o símbolo da propaganda.

Com seus bordões carismáticos e entusiasmo exagerado, Juarez aparecia constantemente na TV em programas populares, com um marketing direto e insistente.

A frase “a filmadora mais vendida do Brasil” era repetida exaustivamente, mesmo sem comprovação oficial.

O marketing em horários alternativos e canais populares ajudou a espalhar a marca, especialmente entre consumidores de baixa renda.

As polêmicas

Com o passar do tempo, começaram a surgir críticas e denúncias. Muitos consumidores alegaram propaganda enganosa, qualidade inferior ao prometido e preços abusivos.

A Tekpix virou piada nas redes sociais, com memes ironizando as funções do produto e o tom exagerado dos comerciais.

Além disso, a empresa não vendia em lojas físicas ou grandes redes varejistas — só por telefone ou pelo site, o que dificultava testes e comparações. Também houve queixas de que a assistência técnica era limitada, e o suporte ao consumidor, ineficaz.

Em fóruns de tecnologia e sites de reclamação, a Tekpix passou a ser vista como sinônimo de “roubada”.

Por que a Tekpix acabou?

A Tekpix deixou de ser fabricada em 2013, pressionada por três fatores principais:

Avanço dos smartphones, que passaram a ter câmeras superiores e multifunções reais;

Concorrência de marcas consolidadas, como Sony, Canon e Samsung, com produtos mais modernos e confiáveis;

Desgaste da imagem, com críticas, memes e desconfiança generalizada do público.

A empresa Tecnomania simplesmente não conseguiu acompanhar a revolução digital — e o apelo publicitário já não era mais suficiente.

O que ficou?

Hoje, a Tekpix é lembrada com um misto de nostalgia, humor e crítica. Juarez, o vendedor símbolo da marca, declarou anos depois que “prefere ser lembrado como o cara da Tekpix do que não ser lembrado”.

Ele conseguiu: mesmo com todos os problemas, a câmera se tornou um ícone da TV brasileira, um retrato de uma era de consumo televisivo direto e sem filtros.

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