A tensão entre Israel e Irã voltou a dominar as atenções internacionais depois de uma série de bombardeios que reacenderam o medo de uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio. Desde a noite de quinta-feira (12), no horário de Brasília, Israel atacou cidades, bases militares e instalações ligadas ao programa nuclear iraniano. O Irã prometeu retaliação.
Por trás dessa nova ofensiva está uma disputa antiga por influência na região. Especialistas apontam que Israel, mesmo enfrentando uma crise política interna, aproveitou uma janela de oportunidade para tentar enfraquecer seu principal adversário estratégico: o Irã.
Um histórico de rivalidade
A origem do conflito entre Israel e Irã está na disputa por poder e influência no Oriente Médio. Israel é uma potência militar cercada por países com os quais mantém relações tensas. O país também é acusado de ocupar territórios palestinos e promover ataques sistemáticos na Faixa de Gaza.
Do outro lado, o Irã — uma república islâmica de maioria xiita — financia e apoia grupos considerados inimigos de Israel, como o Hezbollah no Líbano, o Hamas na Palestina e milícias no Iraque e no Iêmen. Esse conjunto de aliados é conhecido como “eixo de resistência” e tem sido liderado por Teerã ao longo das últimas décadas.
Nos últimos anos, porém, o Irã vem sofrendo sucessivos golpes, com perdas estratégicas atribuídas a Israel. Entre elas, a destruição de bases do Hezbollah, o enfraquecimento do governo sírio — que era aliado de Teerã — e, mais recentemente, a morte do presidente iraniano em um acidente de helicóptero em 2024.
O projeto expansionista de Israel
Para o professor Ronaldo Carmona, da Escola Superior de Guerra (ESG), o governo de Benjamin Netanyahu aproveitou o momento de fragilidade do Irã para levar adiante um antigo plano: o chamado “Grande Israel”, que prevê a ampliação da influência israelense e o enfraquecimento dos rivais na região.
Segundo ele, mesmo com forte desgaste político dentro do país, Netanyahu vê na atual conjuntura uma oportunidade para consolidar seu projeto estratégico.
A crise nuclear
Outro fator que intensificou os ataques foi uma resolução aprovada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmando que o Irã não vem cumprindo os compromissos de transparência sobre seu programa nuclear. A agência aponta que o país já acumula 400 quilos de urânio enriquecido a 60% — patamar próximo ao necessário para a fabricação de bombas atômicas.
No dia seguinte à aprovação da resolução, Israel bombardeou fábricas de armamentos e instalações nucleares iranianas, matando cientistas e militares. Teerã classificou o ataque como agressão direta e prometeu reagir.
Acusações mútuas
Israel acusa o Irã de tentar desenvolver armas nucleares que poderiam ser usadas contra seu território. Já o Irã nega e afirma que seu programa atômico é voltado exclusivamente para fins pacíficos, como a produção de energia e a medicina nuclear.
Teerã também alega ser alvo de uma campanha política liderada pelos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Alemanha — com influência direta de Israel.
Enquanto isso, Israel continua sendo um dos poucos países que nunca assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e, segundo especialistas, possui cerca de 200 ogivas nucleares, embora nunca tenha confirmado oficialmente.
*Com informações da Agência Brasil
